Fatos Históricos
Política de Concessão das Sesmarias
Como os caros parentes poderão ver com mais detalhes em: Família Junqueira: sua História e Genealogia, o Patriarca João Francisco Junqueira, após seu casamento com Elena Maria do Espírito Santo, a 16 de janeiro de 1758, em São João-del-Rey, onde se casaram e, ali, provavelmente, residiram até 1764, quando se mudaram para a Comarca de Rio das Mortes, no Distrito do Favacho; requereu a Sesmaria do Campo Alegre – berço da Família Junqueira. Essa sesmaria só lhe foi confirmada em 5 de abril de 1769, quando o Patriarca já residia, criava seus filhos, e a cultivava há 5 anos. Na Campo Alegre nasceram os restantes de seu filhos, a partir do 4º, o Alferes José Francisco Junqueira (assassinado no “Levante da Bella Cruz), até seu filho caçula, Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas. Dos seus 2 filhos mais velhos: Maria Francisca da Encarnação e o capitão João Francisco Junqueira, não temos a certeza (veja os detalhes no livro supra mencionado) se nasceram ou não em São João del-Rey; onde nasceu o terceiro filho: o Pe. Francisco Antônio Junqueira. A partir de 1764, construiu a sede da Campo Alegre, onde viveu até os 91 anos. Dentro desta imensa sesmaria, ele começou a construção de uma igreja, terminada depois pelo seu filho, o Barão de Alfenas. Em torno desta igreja, hoje Matriz, foram-se aglutinando habitantes e suas moradas; assim, nasceu a Vila de São Tomé das Letras. Mais tarde, aproximadamente em 1782, ele comprou a sesmaria do Favacho e Angahy. A Sesmaria do Favacho e Angahy foi concedida em 1728 e sua sede, senzalas, roda d’água com seu rego, engenho de pilão, engenho de açúcar e sua capela começaram a ser construídas a partir de 1740. Sua capela, a Capela de São José do Favacho foi benta a 1o de Janeiro de 1761 – portanto, há 243 anos! Ou seja, muito antes da Inconfidência Mineira, Revolução Francesa e das Guerras Napoleônicas! O Favacho foi essencial, naquele imenso, perdido e inóspito sertão, pois, encravado a meio caminho entre Carrancas e a Vila de Baependy, era passagem obrigatória para os viandantes daquelas bandas! Isso pode ser visto com detalhes que consta em meu livro, já mencionado.
As sesmarias do Campo Alegre e do Favacho tinham cerca de 27 quilômetros quadrados! Na verdade, eram um imenso latifúndio, o qual, por herança do Patriarca a seus filhos, originaram as fazendas: Traituba, Narciso, Bella Cruz, Jardim, Campo Bello, Cafundó, Atalho, Campo Lindo, etc. Todas importantíssimos e germinais criatórios da raça Mangalarga.
Durante o tempo em que o Brasil foi colônia, a concessão de sesmarias obedecia a certos requisitos: teria que ser requerida, avaliada e concedida; isso se o sesmeiro a demarcasse, tomasse posse e a cultivasse – geralmente dentro de uma prazo de 2 anos, sob pena de ter sua concessão cassada.
Imigração Portuguesa Para o Brasil
Aproximadamente nos séculos XVI e XVII os portugueses do Reino e das Ilhas Transmarinas começaram a imigrar para o Brasil atraídos por melhores condições de vida que a Colônia oferecia – principalmente pela possibilidade de enriquecimento rápido, com a mineração de ouro, na Província das Minas Gerais. Portugal, um país, na ocasião, com cerca de 2 milhões de habitantes, teve, em um século, mais de 800 mil imigrantes para o Brasil. Essa situação tornou-se tão preocupante para a Coroa Portuguesa, que, em 1720, editou uma lei proibindo a imigração.
Como seus patrícios o fizeram, deduzimos que o Patriarca, João Francisco, com afã de um rápido enriquecimento, deve ter imigrado para o Brasil aproximadamente em 1747 – quando teria pouco mais ou pouco menos 20 anos. Como foi batizado em 23 de novembro de 1727, tinha 31 anos quando se casou a 16 de janeiro de 1758. As notícias que dele temos, documentadas, anteriores à sua vinda para o Brasil, estão contidas no processo pesquisado, e em nosso livro publicado, de “genere et moribus”, número 504, para a habilitação à ordenação sacerdotal de seu filho, Pe. Francisco Antônio Junqueira e de seu irmão Antônio Francisco. Esse processo, iniciado em 1786, está arquivado no Museu Regional de São João del-Rey. Não temos notícias suas até seu casamento com Elena Maria do Espírito Santo. Provavelmente, como dito anteriormente, dedicou-se à mineração de ouro. Pois sabemos que veio pobre para o Brasil e, quando transferiu-se com sua esposa para a região de Carrancas, Distrito do Favacho, tinha o dinheiro necessário para viver, requerer, construir e edificar a sede da Campo Alegre, com toda a parafernália necessária para seu funcionamento: senzalas, moinho e serraria com roda d’água, engenho de pilão etc.
O Cavalo Mangalarga
A mais notável e importante medida para o desenvolvimento da raça cavalar do Brasil, e, com ela, a do Cavalo Mangalarga, foi a criação, por Carta Régia de 29 de julho de 1819, da Coudelaria Real de Cachoeira do Campo – próximo a Ouro Preto.
Nos registros da Coudelaria Real de Cachoeira do Campo, entre os anos de 1821 até 1827, aparece o registro de um cavalo não pertencente à Coudelaria, o “Cavalo Junqueira”, cujo proprietário foi Gabriel Francisco Junqueira, Barão de Alfenas. O Barão de Alfenas, na ocasião, morava na Fazenda Campo Alegre, herdada de seu Pai, João Francisco Junqueira, o Patriarca da Família Junqueira.
Em 1858 foram importados da Alemanha 12 garanhões da raça Mortimer. Três morrem na viagem, dois no desembarque e os restantes foram distribuídos por diferentes regiões. O Governo da Província de Minas comprou um e decidiu localizá-lo onde melhor poderia ser aproveitado ao aprimoramento da raça. Assim, ele foi cedido a Gabriel José Junqueira, para cruzar com éguas selecionadas de suas fazendas Atalho e Campo Belo. Gabriel José Junqueira foi o 1º filho de José Francisco Junqueira, 4º filho do Patriarca – o qual foi assassinado no “Levante Bella Cruz”.
Resumindo, a raça Mangalarga nasceu na Fazenda Campo Alegre, propriedade do Barão de Alfenas. Ela resultou do caldeamento de várias raças com o “Cavalo Junqueira”. Os reprodutores daí resultantes cruzaram, principalmente, com éguas selecionadas de propriedade de filhos e netos do Patriarca da Família Junqueira. Dessa miscigenação de raças, surgiram as características básicas, depois desenvolvidas, da Raça Mangalarga, a saber: um cavalo ágil, veloz, forte, resistente e, ao mesmo tempo, de marcha macia e cômoda para o trabalho, para as viagens a longas distâncias e para o principal lazer da época – a caça ao veado.
Declínio da Mineração do Ouro e o Incremento da Agricultura, Pecuária e Comércio
Em torno de 1800, até 1820 os veios auríferos estavam em franca decadência. Com o refluxo da mineração, muitos dos capitais nela empregados ficaram disponíveis para serem investidos na pecuária e agricultura do Sul de Minas. Os agricultores e pecuaristas, que já vinham abastecendo a Província de Minas e o Rio de Janeiro, tiveram com a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, uma demanda muito maior de seus produtos.
O Levante da Bella Cruz
Assim ficou conhecido na memória da Família Junqueira este triste e funesto episódio: a insurreição dos escravos na Fazenda Campo Alegre e Bella Cruz, aos 13 de maio de 1833 da qual resultou o morticínio de todos os brancos presentes na Fazenda Bella Cruz,- exatamente 55 anos antes da proclamação da abolição da escravidão, em 1888.
É feito um resumo do ambiente social e político da época. O autor tira suas conclusões, baseadas principalmente na leitura do fundamental processo, “Processos dos Junqueiras Assassinados praticados pelos escravos da Freguesia de Carrancas, em 13 de Maio de 1833”.